terça-feira, 29 de setembro de 2009

UMBANDA DE LEI CRUZADA COM NAGÔ

Carta a Um Grande Homem...
A vida humana é, pois, cópia da vida espiritual; nela se nos deparam, em pontos pequenos, todas as peripécias da outra. Ora, se na vida terrena muitas vezes escolhemos duras provas, visando posição mais elevada, porque não haveria o Espírito, que enxerga mais longe que o corpo e para quem a vida corporal é apenas incidente de curta duração, de escolher uma existência árdua e laboriosa, desde que o conduza à felicidade eterna? A vida é um palmar de que o homem vem ao mundo com responsabilidades inatas; logo, a alma humana, em que se faz efetiva, tal responsabilidade é preexistente à sua união com o corpo. É o dom da bondade infinita. É uma aventura maravilhosa, através de muitas existências aqui e alhures. É o conjunto de princípios que resistem à morte. Onofre Pereira César conhecido carinhosamente por seus entes queridos como “Pai Onofre”, veio à terra em missão, escolheu a existência árdua e laboriosa sem que o orgulho jamais interferisse em sua vida profissional e familiar. Homem digno e honrado; tive o privilégio de ser comandado por ele em função de altíssima confiança. Enquanto esteve conosco, teve todas as características de um grande homem e de um ser humano de bem.
Praticou a Lei da Justiça, amor e caridade, na sua maior pureza. Teve fé em Oxalá e em sua bondade, justiça e sabedoria até na hora de seu desencarne. Teve fé no futuro, colocou os bens espirituais acima dos bens transitórios, aceitou, sem murmurar, as vicissitudes, as dores e as decepções da vida, pois elas são provas ou expiações que nos elevam espiritualmente. Sentiu felicidade com os benefícios que distribuiu, com os serviços que prestou ao próximo, com as venturas que promoveu na vida, com as lágrimas que secou e com as consolações que levou aos aflitos. Pelo amor e dedicação aos Irmãos de Fé, batalhou incessantemente pela melhoria e altivez de nossa Religião. Nunca guardou ódio, rancor e desejos de vinganças. Não fez distinções de raças e crenças e seu maior mérito foi ser bom, humano, benevolente e respeitador de todas as convicções alheias sinceras. Estamos neste orbe cumprindo determinações dados pelo Pai Maior, e Onofre foi por ele chamado, para desenvolver a sua tarefa espiritual, bem maior que a desenvolvida na terra.

Por sermos imperfeitos, ainda sentimos a dor da saudade que dilacera corações, a falta da convivência diária. A distância traz a lembrança, que às vezes se torna amarga e sofrível, mas Onofre se sentirá melhor; se em lugar de lágrimas, dores, saudades, fizerem à substituição por preces, orações para que, no mundo espiritual seu perispírito possa se recuperar rapidamente das dores materiais que o fizeram padecer e desencarnar. A tristeza, a melancolia, a saudade, as lágrimas, só o deixarão mais preocupado e jamais poderá ter uma recuperação rápida e uma destinação mais elevada no mundo espiritual. Haveremos de mudar, mesmo através da dor, o nosso comportamento e exaltar seu nome nas preces diárias e pedir a Iemanjá e Oxalá a destinação que ele merece.
Um Grande Abraço!
Que o Senhor descanse em Paz...
Babalorixá Carlos de Iemanjá.